É certo que a confiança nas próprias forças torna capaz de executar coisas materiais que não se pode fazer quando se duvida de si.
A fé robusta nos dá a perseverança, a energia e os recursos que nos fazem vencer os obstáculos nas pequenas e nas grandes coisas.
A fé com confiança que se tem no cumprimento de uma coisa, dá a certeza de atingir um fim; nos traz uma espécie de lucidez que faz ver, no pensamento, o fim para o qual se tende e o meio de atingi-lo, portanto aquele que a possui, caminha com certeza. Em alguns casos, ela pode fazer realizar grandes feitos.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma, dá a paciência que sabe esperar, porque tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, está certa de chegar.
A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, é uma prova de fraqueza e de dúvida de si mesmo.
A fé que é vacilante dá a incerteza, a hesitação de que se aproveitam aqueles que se quer combater; ela não procura os meios de vencer, porque não crê poder vencer.
A fé incerta sente sua própria fraqueza; quando está estimulada pelo interesse, torna-se colérica e crê suprir a força pela violência.
Não confunda a fé com a presunção. A verdadeira fé se alia à humanidade; aquele que a possui coloca sua confiança em Deus, mais do que em si mesmo, porque sabe que, simples instrumento da vontade de Deus, não pode nada sem Ele; por isso os bons Espíritos vêm em sua ajuda. A presunção é menos a fé do que o orgulho, e o orgulho é sempre castigado cedo ou tarde, pela decepção e pelos fracassos que lhe são infligidos.
O poder da fé recebe uma aplicação direta e especial na ação magnética; por ela o homem age sobre o fluído, agente universal, lhe modifica as qualidades e lhe dá uma impulsão, por assim dizer, irresistível.
Por isso aquele que, a um grande poder fluídico normal junta uma fé ardente, pode, apenas pela vontade dirigida para o bem, operar esses fenômenos estranhos de cura e outros que, outrora passariam por prodígios e que não o são, todavia, senão as consequências de uma lei natural.
Em certas pessoas a fé parece de alguma sorte inata; uma centelha basta para desenvolvê-la.
A resistência do incrédulo, é preciso nisso convir, prende-se frequentemente, menos a ele do que à maneira pela qual se lhe apresentam as coisas.
À fé é preciso uma base, e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. Para crer não basta ver, é preciso compreender.
Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.
Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo