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A Cabala infalível (Parte 1)

A Cabala era e continua sendo a tecnologia original da vida. É a ciência da alma e a física...

Por Texto de: Prof. Carlos Rosa (falecido) em 12/04/2023 às 11:38:57

Imagem de ilustração

O que é Cabala? Literalmente, o termo hebraico Cabala significa tradição. Mais preciso do que esta definição e no sentido mais literal, esta palavra mĂĄgica deriva das letras: "QBL", que também pode ser traduzido no sentido de "da boca para o ouvido", implicando numa tradição oral.

Mas não podemos começar a falar de Cabala sem falar em primeiro lugar da "Árvore da Vida". Basicamente este diagrama representa as forças operativas do Universo. Assim como a astrologia classifica o carĂĄter humano em doze tipos distintos, a Árvore da Vida possui dez categorias essenciais (Sephiroth*) ou Emanações, que são os modos manifestadores de Deus ou atributos de Deus manifestado.

São os seguintes:

01 – Quether, Coroa – Sabedoria Suprema.

02 – Hocmah – Sabedoria.

03 – Binah – Compreensão.

04 – Hesed – Amor, Misericórdia ou Compaixão.

05 – Gueburah – Força, Severidade e Justiça.

06 – Tiferet – Beleza, Harmonia e Perfeito EquilĂ­brio.

07 – Netzah – Vitória.

08 – Hod – Glória, Esplendor.

09 – Iesod – Fundação.

10 – Malcuth – O Reino.

As trĂȘs primeiras Sephiroth (Quether, Hocmah e Binah), que representam atributos metafĂ­sicos da Energia Divina, são o potencial da transmissão da Luz, muito além de qualquer concepção humana.

Hesed – Amor, a essĂȘncia de dar em abundância, da bondade desinteressada, é atribuĂ­da a Abraão, que tinha quatro portas de entrada em sua casa para receber os visitantes.

Gueburah – Justiça, representa Isaac, o filho esperado por Abraão por cem anos. Situada na linha esquerda – vontade de receber – simboliza a força de resistĂȘncia de que necessita o ser humano para vencer seus obstĂĄculos.

Tiferet – Harmonia – representa Jacob – o homem justo e puro – aquele que foi escolhido para ser pai das doze tribos, que vieram depois a se tornar um grande povo.

Netzah – Vitória – representada por Moisés, energia ativa de combate, significa também vencer. É uma energia de cumprimento de dever, de persistĂȘncia na luta.

Hod – Esplendor – representada por Aarão, o primeiro grande sacerdote da tribo dos Levitas; energia que vem amenizar a de "Gueburah" e contĂȘ-la.

Iesod – Fundação – representada por Yosef (José), o filho de Jacob. É aquela que coleta todas as energias, desde Hesed, para transmiti-las a Malcuth. Malcuth – Reino – representada pelo rei David, homem de guerras e disputas, tal como a nossa existĂȘncia no mundo material, requer uma luta constante entre o Bem e o Mal. É aqui que se realiza o plano da Criação. É através dela que a luz se manifesta na substância fĂ­sica.

Normalmente as pessoas se perguntam: Quem somos nós? De que somos feitos? Qual é a nossa composição bĂĄsica? A Cabala responde facilmente a esta questão. Nós somos feitos de Desejos!

Isso não é uma metĂĄfora, é na realidade a nossa qualidade essencial. O desejo é aquilo de que somos feitos. É a nossa essĂȘncia, o que nos move, o que mexe conosco. Algumas pessoas desejam satisfação sexual, outras satisfação intelectual, algumas fama, dinheiro, viagens, aventuras; algumas buscam iluminação e outras buscam a solidão. Conforme o Rabi Yehuda Berg, existem trĂȘs nĂ­veis de desejos humanos:

NĂ­vel Um – desejo animal – as necessidades, os quereres e os comportamentos aprendidos pela pessoa unicamente para gratificar esses impulsos primais.

NĂ­vel Dois – estes desejos são dirigidos a preencher impulsos que não são encontrados no reino animal, como honra, poder, prestĂ­gio e domĂ­nio sobre outras pessoas. As necessidades, e consequentemente, os pensamentos e ações dessas pessoas são dirigidos unicamente para a gratificação mĂĄxima desses desejos.

NĂ­vel TrĂȘs – São os desejos orientados para gratificar ao mĂĄximo um desejo impulsionado intelectualmente. Praticamente, vamos tentar definir como age a Cabala. De acordo com esta ciĂȘncia, a luz não tem velocidade, ela prevalece sobre tudo no Universo. Esta não é a luz fĂ­sica, que aparece quando vocĂȘ acende uma lâmpada; é a luz metafĂ­sica. Porém, igual à luz fĂ­sica, ela tem a qualidade de expansão. Se vocĂȘ acende a luz, imediatamente a sala toda fica iluminada. O fato de ter apertado um botão, não significa que vocĂȘ fez a luz. Ela existia antes; a lâmpada apenas serviu de veĂ­culo para revelar a luz.

Não existem barreiras para a luz, ela sempre se expande. Portanto, a luz metafĂ­sica tem a qualidade infinita da expansão, força que influencia e quer dar.

A luz infinita vem do Poder Infinito. Esse Poder que toda religião chama de Deus, Ele, o Infinito e InconcebĂ­vel ao cérebro humano. EstĂĄ além de toda definição que podemos formular, além do Bem e do Mal e de qualquer coisa concebida pela mente limitada do ser humano.

VocĂȘ, certamente, como ser racional muito bem informado, deve estar cético com relação a estas informações. Mas, vocĂȘ não tem que acreditar, nem mesmo numa Ășnica palavra. Nem por um segundo. Na verdade, é um princĂ­pio da Cabala não acreditar em nada do que se lĂȘ ou se escuta. Porque a própria ideia de crença implica num resĂ­duo de dĂșvida. Saber, porém, não permite que reste nenhum traço de ceticismo. Significa certeza. Convicção completa. LĂĄ no fundo. No seu coração. Na sua alma.

Concepções errôneas sobre a cabala

Antigamente a palavra "Cabala" metia medo, não só ao homem comum, mas também à grande maioria dos "lĂ­deres religiosos". Envolta em segredo e séculos à frente de seu tempo em suas especulações, a Cabala tornou-se sujeita a falsos rumores e suspeitas: imagine tentar explicar o telefone celular ou a Internet para pessoas do século XIV ou XV. No mĂ­nimo vocĂȘ seria chamado de louco ou na melhor das hipóteses, feiticeiro ou mĂ­stico. A Cabala foi chamada de ciĂȘncia mĂ­stica por esta razão. Mas o que foi uma vez chamado misticismo agora se chama ciĂȘncia.

A Cabala era e continua sendo a tecnologia original da vida. É a ciĂȘncia da alma e a fĂ­sica (e metafĂ­sica) da plenitude. Através da Cabala podemos responder a estas e a inĂșmeras outras indagações: Quem somos nós? Qual é a nossa composição bĂĄsica? Qual é a nossa substância, a nossa essĂȘncia, o centro de nosso ser? Qual o elemento essencial de que somos feitos? O que eu estou fazendo neste momento, neste planeta? Qual é a minha Missão na Terra? Quando eu "morrer", para onde serĂĄ levada a minha alma?

Uma outra indagação muito interessante da Cabala é aquela que nos diz que o ser humano foi criado como um recipiente que contém luz. Seu mecanismo funciona como uma lâmpada elétrica. Deve existir equilĂ­brio entre no polo negativo e o positivo. Acionando o interruptor, a lâmpada acende, eis a luz! Um dia vocĂȘ se encontra no escuro. O que foi que aconteceu? A lâmpada queimou. O que fez ela queimar? Foi a resistĂȘncia que rompeu. O mesmo ocorre com o homem. Existem dois polos: o negativo, que recebe e o positivo, que dĂĄ. O que faz a lâmpada funcionar é justamente a resistĂȘncia, que permite que a luz entre na medida certa e não rompa a corrente.

O que acontece quando a resistĂȘncia estĂĄ fraca? Surge um clarão e, depois, a luz se vai.

Exatamente o mesmo acontece com o ser humano, que não opera a sua resistĂȘncia. Ele queima seus circuitos cada vez que explode; que cai nas vontades egoĂ­stas, contrariando até mesmo as vontades da fĂ­sica.

O céu não estĂĄ em cima, estĂĄ dentro da consciĂȘncia do Homem. Em toda relação entre pessoas hĂĄ momentos de amor e de raiva. Quando vocĂȘ se liga a força de resistĂȘncia, estĂĄ se ligando ao amor. Quando vocĂȘ sucumbe à raiva, se liga ao medo, que cria as cascas, os bloqueios. Ao se ligar ao medo, ele o acompanha por tudo que faz, torna-se uma parte de vocĂȘ. Depende da sua força de vontade. É ela que pode mudar ou não a sua vida, é seu Livre ArbĂ­trio.

O que o ser humano realmente deseja da vida?

Quando esta pergunta foi feita a dezenas de milhares de pessoas que estavam aprendendo Cabala ao longo dos anos, estes foram os itens que apareceram com maior frequĂȘncia:

*Plenitude Pessoal
*Paz de EspĂ­rito
*AlĂ­vio do Medo e da Ansiedade
*Segurança Financeira
*Satisfação
*Amor
*Liberdade
*Controle
*Sabedoria
*Felicidade
*SaĂșde

O mais provĂĄvel é que a sua lista tenha algo em comum com esta lista dos dez mais. Note que nenhum destes itens pode ser medido ou pode ser pesado em uma balança, nem pode ser segurado em suas mãos.

Tudo o que o ser humano realmente deseja da vida é Luz espiritual.

E então, o que fazemos ao longo de nossas vidas? Perseguimos posses fĂ­sicas, em nossa busca pela felicidade. Para que vocĂȘ tenha uma ideia de como isto funciona, vamos lhes dar um exemplo bastante interessante. Vamos falar de dinheiro. Imagine um homem que tem uma fortuna de 200 milhões de Reais e que perdeu 100 milhões na Bolsa de Valores. Agora compare com outro indivĂ­duo que tem uma fortuna de somente 300 mil Reais e que subitamente ganhou nessa mesma Bolsa de Valores 100 mil Reais. Qual dos dois vai dormir com uma maior paz de espĂ­rito financeira e com senso de segurança mais forte? Aquele que ainda tem 100 milhões de Reais, ou o que tem apenas uma pequena fração dessa quantia?

De acordo com a Cabala, objetos materiais não são os que realmente estamos buscando na vida. O que estamos realmente buscando é a energia espiritual que preenche o nosso mundo.

PoderĂ­amos encher pĂĄginas e mais pĂĄginas falando desta infalĂ­vel ciĂȘncia e sempre ainda existiria algo a dizer. Uma maneira de se iniciar no estudo desta Arte é começar estudando a Numerologia CabalĂ­stica, ciĂȘncia primordial que pode levar o ser humano a conseguir compreender as indagações contidas neste artigo.

Voltaremos ao assunto em breve. Até lĂĄ!

* Sephiroth é plural; a forma do singular é Sephirah.

Fontes de consulta: Cabala – A Tradução Esotérica do Ocidente – F.V.Lorenz – Ed.Pensamento; A Cabala – Henri Sérouya – Difusão Européia do Livro; Almanaque da Cabala – Sigalith H. Koren – E. Roka; O Poder da Cabala – Rabi Yehuda Berg – Imago; Cabala MĂ­stica – Alan Richardson – Hemus.

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